A newsletter Café sem Açúcar é compartilhada gratuitamente e enviada em todas às quintas-feiras. O intuito desse espaço é explorar o mundo por meio da escrita criativa, buscando nas entrelinhas o sentido das coisas.
Compartilho crônicas do cotidiano, reflexões sobre a vida; comento sobre alguns filmes e livros.
1.
Duna: part 2 irá estrear no dia 29 de fevereiro de 2024, no Brasil. Denis Villeneuve escolheu dividir o livro de 680 paginas em dois filmes, o que é uma decisão bastante sensata, afinal, é um livro grande, denso, com muitos personagens e tramas.
A primeira parte do filme era para estrear no final de 2020, fiquei animada com o elenco, na época eu não tinha noção nenhuma do que se tratava, resolvi pesquisar sobre e me deparei com a informação de que Star Wars é inspirado em Duna, foi em razão disso que eu resolvi comprar o livro de Frank Herbert.
2.
Até aquele momento eu nunca havia lido um livro tão extenso, pensei que pelo fato do filme estrear só no final do ano, eu teria bastante tempo para lê-lo. Acontece que eu o li em duas semanas e o filme teve que ser adiado em virtude da pandemia.
Enquanto estive em casa em todo esse período, mergulhei profundamente no universo de Frank, com vermes gigantes, um planeta de areia, mulheres que controlavam mentes e quem deveria procriar, a influência das religiões, os adoradores obcecados, drogas, muita filosofia, politica e biologia.
São cerca de 6 livros, porém apenas o primeiro e o segundo são realmente interessantes, não que o restante seja ruim, longe disso, é a melhor encheção de linguiça que você lerá. Se tivermos sorte, o segundo livro “Messias de Duna”, será adaptado aos cinemas e encerrará o universo cinematográfico de Duna.
3.
Duna não é um livro fácil de ler, há muitos detalhes, línguas diferentes, personagens, muitas tramas acontecendo dentro das tramas. É um universo fantástico e criativo. Do mesmo modo que J. R. R. Tolkien criou o universo do Senhor dos Anéis de uma forma brilhante e cativante, com tantos elementos imaginativos e autênticos, algo que você só vê uma única vez na vida, afinal, como um cara desses em meio a guerra cria criaturas, civilizações e até mesmo dialetos diferentes de tudo que já se viu até aquele momento. Frank Herbert também soube ser criativo e imaginativo, criou algo único que inspirou outros universos.
Frank mencionou que a ideia de escrever esse livro surgiu em um processo de pesquisa para elaborar um artigo de revista sobre Dunas do Oregon, uma área próxima à cidade costeira de Florence. Ele ficou tão interessado com tudo que havia pesquisado que tinha mais material do que ele precisava e acabou nem escrevendo o artigo. O livro demorou seis anos para ser finalizado, mas não foi um sucesso imediato, ele era longo e complexo demais para o momento, tendo sido rejeitado por inúmeras editoras na época.
4.
O livro foi adaptado nos cinemas em 1984 por David Lynch. Nessa época haviam sido publicados apenas dois livros da saga, que virou em seguida um fenômeno cult.
Antes de David conseguir adaptar e lançar o filme, o chileno-francês Alejandro Jodorowsky havia cogitado fazê-lo em 1975. Chegou a existir um roteiro, mas que era completamente diferente do livro, há boatos de que ele havia acrescentado girafas.
O filme de David Lynch fracassou nas bilheterias.
5.
O livro é cheio de mensagens poderosas e diálogos densos. Alguns desses diálogos são tão poderosos que nos colocam na posição de personagem do livro, mergulhando naquele universo tão rico e diferente. Apesar de ser chamado de complexo, não é um livro inalcançável, ele te instiga o tempo inteiro a continuar a leitura, seu segredo é despertar a curiosidade a cada novo trecho, fazendo com que o leitor queira mais de Arrakis e Paul Atreides. Não que os outros livros não façam isso, porém, aqui há um instigante desejo de envolvimento com o desconhecido, com um universo fantasioso, mas de certa forma se aproxima da nossa realidade.
A obra aborda dentre o que já mencionei, assuntos relacionados ao meio ambiente, a relação dos seres humanos com a tecnologia, xenofobia, machismo, classes sociais, politica e muita politica.
6.
Como eu havia mencionado no início, Duna inspirou obras como Star Wars, assim como o O exterminador do Futuro, Matrix e As crônicas de Gelo e Fogo.
Acontece que na época o próprio Frank Herbert acusou George Lucas de Plágio, isso foi dito em algumas entrevistas, pois Star Wars não só se inspirou como copiou vários elementos da obra. George nunca negou as acusações.
Um exemplo de “cópia”, ou melhor, inspiração, são os Jedi, que são sensíveis à Força e controlam mentes, em Duna há as Bene-Gesserit, que fazem a mesma coisa. Tatooine pode ser facilmente comparada com Duna ou Arrakis. Paul Atreides e Luke Skywalker, dentre outras coisas.
Inclusive se você assistir à série Ahsoka, poderá identificar vários elementos da história de Duna, tanto quanto se você assistir toda a saga de filmes de Star Wars (risos). Em The Mandalorian, há menção a um verme de areia como em Duna.
7.
Algumas frases do livro:
"Eu devo não temer. O medo é a mente assassina. O medo é a pequena morte que traz obliteração total. Eu enfrentarei meu medo. Permitirei que ele passe sobre mim e por mim. E quando ele tiver passado, eu voltarei o olho interior para ver seu caminho. Onde o medo esteve, não haverá nada. Só eu estarei." - Bene Gesserit Litany Against Fear
"A morte é a melhor vantagem da vida, porque a morte é inevitável. A vida contém a incerteza." - Paul Atreides
“Não há escapatória: pagamos pela violência de nossos ancestrais.” Princesa Irulan
“Sonhos rendem boas histórias, mas o que importa mesmo acontece quando estamos acordados.”
8.
O filme dirigido pelo Denis Villeneuve possui um elenco formidável: Zendaya, Timothée Chalamet, Rebbecca Ferguson, Oscar Isaac, Jason Momoa, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Javier Bardem e Dave Bautista.
Nesta segunda parte temos a adição dos atores Austin Butler, Florence Pugh, Léa Seydoux e Anya Taylor-Joy.
Grande parte do elenco é formado pela nova geração de atores de Hollywood, e cada papel é extremamente relevante nessa história.
O filme promete inúmeras cenas de ação, vingança e várias revelações. Diferente do primeiro que tinha um viés mais introdutório, porém com grandes menções a corrupção e a guerra pela especiaria -que é basicamente uma analogia ao petróleo-.
A trilha sonora é comandada pelo mestre das composições de trilha: Hans Zimmer. Ele venceu o oscar pela trilha sonora de Duna part. 1.
9.
Curiosidades do universo Duna
Os olhos azuis são em razão do consumo da especiaria ou melange (há dois nomes para a mesma coisa). Quem consome passa a ficar com os olhos nessa cor.
A melange é uma droga que confere habilidades psíquicas especiais, como a capacidade de ver o futuro. Essas habilidades são cruciais para várias facções políticas e religiosas no universo de Duna. Além disso, o consumo regular de melange prolonga a vida e melhora a saúde de quem a consome.
Já o traje utilizado no filme é usado pelos habitantes de Arrakis -alguns dizem que o nome é uma analogia a Iraque-, cidade conhecida como Duna. Esse traje é uma forma de sobreviver ao intenso calor, o qual ele reaproveita de toda água que sai do corpo humano -o suor-, que ao invés de evaporar é conservado e reaproveitado, essa água é consumida pelo dono do traje.
Em Duna a água é um recurso escasso e valioso no planeta. Não se desperdiça nada. Logo, quando alguém chora ou cospe, isso significa um ato de respeito “estou dando minha água a você”.
Estou ansiosa para ver a segunda parte desse universo que tanto me cativou, na verdade já comprei meu ingresso.
Gostaram do conteúdo? Vocês já leram ou assistiram Duna? Me conta mais sobre sua percepção
✍🏻 CONSIDERAÇÕES
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😉 RECOMENDAÇÕES
Duna (2021) - Disponível no Prime Vídeo e HBO max
Duna (1985) - Disponível no Prime Vídeo e MUBI
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